Preciso realmente me preocupar com a minha privacidade online?

A privacidade é um direito humano fundamental e assim como os outros direitos, temos a obrigação de proteger. No mundo digital a privacidade online é o direito de escolha que nós usuários temos de compartilhar ou não os nossos dados.

Após o escandalo do Facebook e da Cambridge Analytica, o tema privacidade online tornou-se uma questão de interesse geral, não é a toa que leis rigorosas estão sendo criadas e implementandas em todos os países à medida que as formas de comunicação continuam aumentando, possibilitando a interceptação de dados por terceiro quando um conteúdo é enviado, recebido ou divulgado.

Antes de começar o assunto é bom deixar claro que privacidade é diferente do anonimato. Para exemplificar essa diferença de maneira direta deixe-me dar um exemplo. Todos sabemos o que acontece no banho, mas mesmo assim fecha-se a porta. Isso é porque se quer privacidade, mas as pessoas da sua casa sabem que é você quem está lá. Quando falamos em anonimato, geralmente se desconhece o indivíduo por trás da ação independente dela ser privada ou não.

“Arguing that you don’t care about the right to privacy because you have nothing to hide is no different than saying you don’t care about free speech because you have nothing to say.”

Edward Snowden

Não é porque você não tem nada a esconder que não deveria levar sua privacidade online a sério. A não ser que você também não se importe com sua segurança e sua vida financeira.

Por que eu deveria me importar?

Sabia que às vezes o preço de algum serviço/produto na internet (como por exemplo um pacote de viagem ou um celular) pode variar para mais ou menos dependendo do tipo de aparelho que está utilizando? Por exemplo, se estiver usando a última versão do iPhone, é provável que você veja anúncios com preços mais elevados.

Imagem mostrando segmentação do google ads por renda

Além disso, os nossos dados pessoais também valem dinheiro para os criminosos. Listas de cartões de crédito, e-mails e até dados pessoais (obrigado serasa) são vendidos abertamente na darknet. Pense muito bem antes de colocar qualquer informação sua na web já que pode ser usada de forma maliciosa.

Embora muitas destas empresas para as quais fornecemos nossos dados afirmam que o tratamento de dados pessoais é confidencial, não há forma de o saber e muito menos temos a garantia que em caso de vazamento os dados estejam criptografados. E aqui não to nem entrando no mérito das empresas vendem a terceiros essas informações.

Manipulações semelhantes baseadas nos seus padrões de navegação, hábitos de visualização de páginas e muitas outras coisas são usadas para determinar que conteúdo lhe é mostrado em sites de redes sociais e feeds de notícias. Assim, em vez de obter todos os lados de uma história, será mostrado apenas os “fatos” que estão em conformidade com as suas atitudes e/ou pensamentos.

Como os dados são obtidos?

Não fornecer nossos dados e deixar de ter aquele conforto de ter comida na porta de casa, entretenimento via streaming ou comprar aquele produtos diferentes da china está de longe ser a melhor solução já que todos nós quando navegamos na web deixamos algumas “pegadas digitais” ou pequenos vestígios dessas ações que realizamos.

Acesse o site deviceinfo.me e olhe a quantidade de informações que disponibilizamos sem se quer apertar um botão do teclado.

Imagem mostrando dados coletados pelo browser

Outra maneira de coletar informações (utilizado por empresas de segurança/cibersegurança e agências de inteligência governamentais como FBI e NSA) é por meio do Open-source intelligence (OSINT) que nada mais é do que a coleta, análise e processamento de informações passivamente a partir de recursos abertos ou disponíveis publicamente, exemplo:

Internet: sites de busca, redes sociais, blogs, wikis, fóruns e até mesmo na Deep Web. Mídia: jornais, televisão, revistas e rádio. Informações públicas de fontes governamentais. Eventos, conferências, trabalhos e até bibliotecas.

Algumas ferramentas e métodos usado no OSINT são:

E desta maneira, podemos mapear tudo de você quando está compartilhando sua geolocalização ao usar o Waze, fazendo compras online onde acaba compartilhando praticamente todas as informações pessoais e financeiras e claro.... fotos, vídeos e áudios nas redes sociais ou aplicativos de mensageria.

Dicas para se proteger

Até agora só trouxe problemas em cima de problemas, eu sei, mas queria enfatizar o quão difícil é manter os seus dados seguros quando estamos usando dispositivos conectados na internet. Para conseguir esse propósito temos que entender que se trata mais de uma mudança de comportamento/hábitos quando navegando na internet do que simplesmente trocar o Whatsapp pelo Signal.

Para começar, gostaria de começar pelas coisas essenciais de segurança e que você deve estar careca de saber que são:

Vamos agora para o nível básico de privacidade:

Privacidade é um assunto complexo, e proteger a sua no mundo digital é mais uma mudança de comportamento e hábitos do que troca de programas. Mas seguindo algumas das recomendações que listei acima você já vai estar fora do radar de muitos trackers. Pretendo continuar trazendo mais posts sobre o assunto e enquanto isso eu encorajo você a continuar pesquisando e quem sabe tomar medidas mais radicais como deletar todas suas redes sociais, usar sistemas operacionais mais privativos e até só usar dinheiro como forma de pagamento.

#privacidade #opensource